Este ano alguns pacientes inseriram ou trocaram na escola seus mediadores escolares.
Apesar de, por lei, ser de responsabilidade da escola a contratação deste profissional, sem aumento de custo aos pais (sonho), sabemos que no dia-a-dia não é bem assim que acontece!!!!!
Além dos pais dos pacientes que atendo, tenho contato com outros grupos de mães, e a realidade é sempre essa: ou a escola contrata um mediador, porém geralmente a família percebe que este profissional não está realizando o seu papel da melhor forma ou da forma que a criança precisa, e não conseguem intervir por ser contratado da escola... OU a família contrata este profissional, arca com os custos e com a supervisão (que acho essencial em qualquer uma das hipóteses que os terapeutas que assistem à criança realizem esta supervisão).
Eu entendo escolas (como oferecer 1 profissional a mais exclusivo para cada criança inclusiva sem aumentar custos?!), e entende perfeitamente os pais, pois pesquisando conclui que mediador é muito caro, mesmo sem formação, imaginem com formação! É quase o salario de um professor (não desmerecendo, pois o trabalho é tanto quanto complexo também), mas para os pais é um custo pesado.
Toda criança inclusiva precisa de mediador?! Ao meu ver, não!
Então quando precisa?! Quando é necessário um suporte individual para que a criança consiga realizar suas atividades ou quando o material didático for adaptado a esta criança, realizando tarefas diferentes aos seus colegas, respeitando a sua individualidade.
Eu encontrei alguns artigos sobre o tema, e vou publicar aqui! Não são de minha autoria, por isso coloco os respectivos autores!
O Papel do Mediador Escolar
Estes itens foram descritos pela mediadora escolar Vanessa de Freitas Schaffel e pela equipe responsável pelo PROGRAMA PRIORIT (Aline Kabarite – Fonoaudióloga e Roberta Marcello – Psicóloga).
É papel do mediador escolar atuar nos aspectos:
- Sociais /comportamentais,
- Comunicação /linguagem,
- Atividades /brincadeiras e/ou
- Tarefas /conteúdos pedagógicos.
MEDIAÇÃO ESCOLAR
- Atuar no ambiente escolar, dentro da sala e demais dependências da escola,e também nos passeios extras (fora da escola) que ocorrerem dentro do horário da mediação.
- Ser assíduo e pontual, respeitando os horários, as regras e normas da instituição escolar onde faz a mediação.
- Ser discreto e profissional evitando envolver-se em assuntos que não dizem respeito ao trabalho de mediação.
- Lembrar sempre que o que ocorre no ambiente escolar deve ser compartilhado e discutido apenas com os profissionais envolvidos, equipe pedagógica e terapeutas responsáveis pela orientação.
- Solicitar apoio e supervisão da equipe responsável sempre que sentir necessidade, evitando passar problemas e dificuldades pertinentes à mediação aos responsáveis.
- Avisar com antecedência, sempre que possível, caso precise faltar para que a equipe terapêutica possa decidir junto à escola e aos responsáveis qual o procedimento indicado.
- Vestir-se adequadamente, utilizando sempre roupas que possibilitem uma fácil movimentação; evitar usar saias, shorts, blusas decotadas, sandálias, sapatos com salto, relógio, anéis, brincos grandes, colares, pulseiras e unhas grandes que possam vir a machucar a criança.
- Estabelecer um contato diário com o responsável (família), caso necessário utilizar uma agenda ou um caderno “leva e trás”, para que ambos possam trocar informações sobre o dia a dia da criança.
- Entregar os registros semanais e mensais pontualmente, participando das supervisões, grupos de estudo e treinamentos com as terapeutas responsáveis.
- Conversar com o professor explicando, sempre que necessário, os porquês dos procedimentos e intervenções realizados no ambiente escolar.
- Entrar em contato com os terapeutas responsáveis caso perceba a necessidade de uma reunião extra com o professor ou equipe pedagógica.
- Manter sempre a atenção da criança voltada para as ordens e informações dadas pelo professor.
- Orientar o grupo de colegas da sala a não valorizar ou mesmo ignorar as estereotipias e outros comportamentos inadequados.
- Atuar no momento da entrada ou saída escolar, direcionando a criança ao grupo e ensinando-a como se comportar naquele momento, estimulando o cumprimento da rotina e das ordens dadas pela professora.
- Durante o recreio mediar à relação da criança com os seus colegas nas brincadeiras e situações sociais.
- Dirigir-se com a criança ao banheiro, caso haja necessidade, auxiliando-a em seus hábitos de higiene promovendo assim maior independência e autonomia. Caso exista na escola um profissional específico para auxiliar os alunos nesse momento, o mediador estará apenas por perto, intervindo caso ocorra algum conflito ou dificuldade entre eles.
- Manter-se sempre junto ao grupo e ao professor de sala, cumprindo, dentro do possível, toda a rotina e as atividades pedagógicas.
- Atuar em parceria com o professor dentro de sala de aula.
- Situações de mediação:
- Sociais / Comportamentais
- Mediar às situações sociais ensinando a criança como participar, compartilhar e interagir no grupo.
- Minimizar a tendência da criança ao isolamento social, facilitando sua interação.
- Ensinar a criança a abordar o outro na tentativa de interação, estimulando o contato visual e a utilização dos cumprimentos usuais.
- Desviar a atenção da criança das manias, rituais e atividades repetitivas e estereotipadas.
- Intervir adequadamente nas reações comportamentais drásticas diante de mudanças na rotina ou no ambiente escolar.
- Ensinar a criança a olhar para o grupo e a observar o comportamento das outras crianças estimulando a imitação. O mediador pode direcionar o olhar da criança apenas falando ao seu ouvido ou mesmo virando seu rosto e corpo delicadamente para onde estão os outros.
- Observar detalhadamente cada situação, com o objetivo de prevenir comportamentos inadequados, antecipando verbalmente ou através de informações visuais o que vai acontecer.
- Minimizar e intervir em situações que causam desconforto sensorial, explicando o ocorrido.
- Ensinar a criança a se acalmar, e, caso necessário, levá-la a um ambiente mais tranqüilo.
- Usar histórias ou representações para explicar soluções e possibilidades de ações em situações sociais específicas.
- Estimular a empatia, o vínculo e o prazer no convívio social.
- Encorajar a criança a solicitar ajuda do professor ou dos próprios colegas.
- Evitar o acesso aos objetos ou materiais que fazem parte dos interesses restritos da criança e que a afastam do grupo ou das atividades propostas.
- Aproveitar, dentro do possível, os interesses restritos da criança tornando-os uma fonte motivadora de contato social.
- Tornar a vida da criança previsível através da estruturação de rotinas, reduzindo o imprevisível que muitas vezes geram birras e/ou comportamentos inadequados.
- Organizar, sempre que necessário, a seqüência das atividades diárias através de informações visuais (cartões com fotos, desenhos ou imagens) para reduzir o nível de ansiedade da criança.
- Ensinar noção de tempo, utilizando um relógio, um calendário de fácil compreensão ou a através da própria organização da rotina.
- Sempre que possível, ensinar a criança a se colocar no lugar do outro, refletindo também sobre o pensamento e os sentimentos das pessoas.
- Estimular a criança, após uma situação de conflito, a refletir como o seu comportamento ou atitude atingiu o grupo, um colega ou professor especificamente, orientando-a a pedir desculpas, caso haja necessidade.
- Estimular a criança a refletir sempre sobre estratégias alternativas para resolver determinada situação.
- Ensinar as habilidades sociais de como se apresentar, como pedir algo e como se expressar em determinadas situações sociais.
- Oferecer o reforço positivo (verbal ou gestual) sempre que a criança apresentar um comportamento correto e adequado.
- Ignorar, corrigir ou redirecionar um comportamento incorreto ou inadequado. Sempre que necessário dizer para a criança o que se espera dela em cada situação.
- Auxiliar a criança no desenvolvimento de sua autonomia, iniciativa e compreensão daquilo que está fazendo ou do que precisa fazer.
- Comunicação / Linguagem
- Estimular o apontar e o olhar para o que o outro aponta ou fala.
- Estimular a imitação dos movimentos, sons e atividades.
- Estimular o “triangular do olhar”, ou seja, olhar para a pessoa e para o objeto de que se fala, alternadamente.
- Traduzir, caso necessário, as informações auditivas (ordens verbais) em informações visuais, apontando ou mostrando figuras ou objetos relacionados com que foi dito.
- Partir as informações auditivas em pequenas informações.
- Em mudança de rotina ou situações novas utilizar fotos e explicações para ajudar a criança entender melhor o que irá acontecer.
- Ajudar a criança a modificar em seu discurso o uso da terceira para a primeira pessoa.
- Organizar o discurso da criança de acordo com o contexto.
- Direcionar a atenção da criança para quem fala ou para as atividades que estão sendo realizadas.
- Ensinar a perceber a linguagem corporal e as expressões faciais.
- Utilizar recursos visuais para ensinar a perceber as emoções.
- Ensinar marcadores para iniciar ou terminar uma conversação.
- Fazer a criança perceber como seus comentários podem ser mal interpretados pelo outro.
- Explicar metáforas e expressões idiomáticas de acordo com o contexto.
- Ensinar como modular seu discurso de acordo com ritmo, intensidade e tom.
- Fazer com que a criança perceba quando seu discurso se torna pedante.
- Facilitar a conversação aproveitando assuntos que fazem parte dos interesses restritos da criança.
- Explicar para os colegas e professores que, por vezes, o tempo de resposta, aprendizagem ou de ação da criança é diferente, mas que todos podem ajudar com paciência e persistência.
- Atividades / Brincadeiras
- Estimular o interesse por brinquedos ensinando à criança a brincar de forma funcional e adequada.
- Brincar falando o que está fazendo e o que pretende fazer.
- Estimular os jogos do tipo “faz-de-conta”.
- Estimular o brincar fazendo inicialmente, se possível, a mesma coisa que a criança estiver fazendo e aos poucos direcionando ao grupo.
- Ensinar a criança a ser flexível, aceitando novas situações e brincadeiras.
- Estimular a participação de jogos competitivos, ensinando-a a ganhar e perder nas diferentes situações de disputa.
- Explicar aos colegas que muitas vezes aquela criança quer brincar, mas que não sabe como fazer.
- Aproveitar as crianças que tem maior vínculo afetivo de sua turma para estimular a interação, sempre com a participação do mediador.
- Tarefas / Conteúdos pedagógicos.
- Solicitar, logo no início do ano letivo, o calendário escolar e o planejamento pedagógico.
- Conhecer o projeto pedagógico e a metodologia da escola em questão.
- Pedir ao professor o planejamento semanal das atividades e conteúdos pedagógicos, para que o mediador possa adaptá-los às necessidades e possibilidades da criança.
- Dentro do possível, preparar com antecedência os recursos pedagógicos que se fizerem necessários para uma melhor compreensão por parte da criança, do que será trabalhado em sala de aula.
- Ajudá-lo a ter iniciativa solicitando ajuda do professor quando não estiver entendendo um determinado exercício ou explicação.
- Ser capaz de improvisar um recurso para um conteúdo ou tarefa que estiver além da possibilidade de compreensão daquela criança.
- Discutir com a equipe pedagógica e terapêutica responsável a necessidade de adaptação dos conteúdos pedagógicos.
- Buscar sempre estimular a criança diante das atividades pedagógicas fazendo-a se sentir motivada para a aprendizagem.
- Quando necessário, adaptar provas em relação ao conteúdo, formatação ou quantidade de exercícios, com a participação da equipe terapêutica e pedagógica.
- Auxiliar nos exercícios e provas quando necessário.
Mediação escolar e inclusão: revisão, dicas e reflexões
Teacher assistant and inclusive education: review, tips and reflections
Renata Mousinho; Evelin Schmid; Fernanda Mesquita; Juliana Pereira; Luciana Mendes; Renata Sholl; Vanessa Nóbrega
RESUMO A mediação escolar passou a se tornar mais frequente a partir da Convenção de Salamanca. As escolas de todo o mundo tiveram que dar conta de incluir crianças que
precisavam de ajuda em classes já existentes, muitas vezes com grande número de alunos e professores, cuja formação não havia se preocupado com esses aspectos. O mediador pode atuar como intermediário nas questões sociais e de comportamento, na comunicação e linguagem, nas atividades e/ou brincadeiras escolares, e nas atividades pedagógicas, nas limitações motoras ou da leitura, nos diversos níveis escolares. Um mediador estimulando a aquisição de linguagem e habilidades sociais no cotidiano escolar amplia a possibilidade da quantidade de estímulo recebido, como também a qualidade já que sempre ocorrerá em situação real de uso, diferente do que se pode proporcionar num consultório. Conhecer o aluno que será acompanhado pela mediação, discutir com a equipe pedagógica da escola e com a equipe de apoio terapêutico são pontos fundamentais. Apesar da figura do mediador ser considerada uma adaptação no espaço pedagógico, portanto garantido pela lei, não existe muita clareza quanto o papel e as atribuições deste profissional nem quanto à regulamentação da profissão. Unitermos: Educação especial/tendências. Mainstreaming (Educação). Educação.